Ouguela (Alentejo, Portugal) em baixo; Alburquerque (Badajoz, Espanha) ao fundo.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Luís Filipe Sarmento na Aula Díez Canedo

Fotografia e entrevista no jornal Hoy

O poeta português Luís Filipe Sarmento leu ontem, quinta-feira, os seus versos na Aula Díez Canedo para um grande número de alunos do ensino secundário de Badajoz e de fora da cidade

É habitual que os poetas portugueses da Aula sejam apresentados pelo IES M. Domingo Cáceres, e nesta ocasião, foram os alunos do 1º ano de "Bachillerato" Aurora Barrena e Mario Esquível, que fizeram a apresentação de Luís Filipe Sarmento. Sentaram-se lado dele durante a leitura e fizeram umas perguntas no final da sessão. Entre o público, para além dos alunos de Bachillerato da nossa escola, estavam os 27 alunos de português do 4º ano da ESO.

Sarmento não é apenas poeta. Começou muito novo no jornalismo, fez videoclips, traduziu inúmeras obras para português... Tem uma larga obra. Podem ler a entrevista no link por baixo da fotografia.

Infelizmente, a brochura que a Aula Díez Canedo edita e ofereceu à assistência com os últimos versos de Luís Filipe Sarmento, que se intitula Gramática das Contelações, não continha por expresso desejo do autor mais do que as versões na nossa língua. É por isso que aqui publico o texto original em português de um dos pemas lidos, reproduzido a partir da copia que leu o autor na Aula e no MEIAC às 20:30 do mesmo dia e amavelmente me ofereceu. Se algum dos alunos estiver interessado em reler estes versos, posso fazer fotocópias.

Não posso deixar de sublinhar como o poeta captou a atenção dos alunos todos ao contar alguns episódios da sua vida, ligados à escrita ou não dos poemas lidos, e como a ira ou a raiva dele perante a atual situação de Portugal e do mundo, marcou uma leitura veemente de alguns desses poemas.


Era uma noite excessiva de constelações quando da varanda
regressei à cama quatro vezes.
O cansaço impedia que ficasse de pé.
As insónias não permitiam que continuasse deitado.
Tudo no tempo ficara suspenso. O mundo parara
na sua cavalgada quotidiana. Fizera um ponto final. E não dormia.
Longe dos olhares. Dos pontos de todos os pontos. Longe
do encerramento das almas e das bocas distante, distante e salvo,
salvo dos olhares que olhava, sereno e irónico.
O mundo estava fora do seu universo e o vazio, onde se sentara,
contrastava com o obsessivo labirinto de onde partira.
Não dormia nem acordava.
E o que via era a intimidade do medo.


Luís Filipe Sarmento a autografar brochuras dos alunos


Às 20:30, como é habitual nos poetas da Aula Díez Canedo, Sarmento leu os seus versos na sala do Museo Extremeño e Iberoamericano de Arte Contemporáneo (MEAIC). O guitarrista Javier Alcántara acompanhou a leitura de alguns dos poemas na sala do MEIAC. Ele mais a cantora Mili Vizcaíno interpretaram, como surpresa final , este poema de Luís Filipe Sarmento e uma canção brasileira:

A elipse é a expansão do círculo;
é a sua expansão no mistério
a vida desconhecida sobre si próprio.
A minha casa.


Assim concluiram as leituras poéticas da Aula Díez Canedo neste ano 2011-2012. Esperamos que, apesar de todas as dificuldades presentes, continuem no próximo ano letivo, e possamos voltar a contar com outro poeta português na nossa cidade de Badajoz.



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